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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sábia coruja

Que a sábia coruja saiba
A hora de voar se finda
O dia logo amanhece
E a noite tarda a chegar

Ela conhece o tempo certo das coisas
Não ignora a importância da hora
Sabe que a vida é longa caminhada
E não se entrega ao longo da jornada

Seus olhos grandes sabem do futuro
Elas não temem nem o próprio escuro
Como os tão sábios humanos fazem

Adoraria ser uma coruja
Voar por entre as árvores
Ser ave, ser milagre
E viver mais do que me preocupar.


A escolha das palavras

E quando surge a vontade
Escrevo
Odeio escolher as palavras
Deixo que me escolham

Elas se aproximam
Se agrupam
Se encaixam
Nada faço por elas

Gosto de deixá-las à vontade
Aprendi com a vida a dar liberdade
Para não prender tudo que se aproxima

E acabar perdendo de vez 

Quero um título

Como já dizia Ira!
Meu sol tem 1,65
E sempre me aquece no frio

Tem olhos miúdos
E tão frágeis
Mas que me enxergam como ninguém 
E então preenchem meu vazio

Meu sol é branquinho
E todo cabeludo
Usa a barba pra mostrar maturidade
E esconder a face de menino

Quando ele se põe
Meu dia escurece
Meu sorriso se esconde
O meu chão se abre

Ansiosamente espero que ele volte logo
Os dias chuvosos me angustiam
Pois só ele consegue me iluminar

Espero que a próxima manhã venha
Pra que meu sol surja de novo
E volte logo a brilhar

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Como cuidar de mim

Ainda sou uma boba
Romântica até a última gota
Adoro ouvir ‘te amo’

Não sei viver sem beijos
Sem dar ou receber
Sou amante de abraços
Deles não abro mão

Ei, não se assuste comigo
Só preciso de abrigo
Dê-me sempre atenção

Não me deixe sem carinho
Sou frágil
Me abrigue no seu ninho

Me encaixo

Pra não mentir

Pra não mentir
Não sei escrever
Não que eu seja iletrada
Mas só sei juntar palavras
Sem intenção nem porquê

Mas me inspiro em você
E o pouco que escrevo
É porque lá no fundo
Dentro do meu mundo
Surgiu algo tão grande que não dá pra segurar

Você pode não entender
Mas de tudo isso o culpado é você

Que me trouxe alegria
Segurou minha mão

E me ensinou que as palavras não se encontram no dicionário
O sentido quem dá é o coração

Que eu não me perca de mim

Já não se fazem mais pessoas como antigamente
As pessoas sempre mudam
E isso não é de todo mal

Cada dia mais tenho medo
De que um dia não seja eu
Que todo mundo seja igual

Estranho se olhar no espelho
E ver que seu rosto é como o dos outros
Seu cabelo já não é do seu jeito
Você é como todo mundo
E todo mundo é como você

Queria meu nome escrito na minha testa
Talvez daqui a algum tempo
Não me reconheça no meu reflexo
Talvez não veja o que ainda sou
Ou quem sabe seja o que não posso ver

Filha da mudança


Gosto do termo “às vezes”
Temo usar o “sempre”
Sou fã da lua
Cultivo minhas fases

Minha mudança
Me movimenta
Me melhora
Me mantém

Não sei se sou
Ou se me torno
Mas por favor
Não me estranhe

O que eu sou?
Já não importa
Ontem eu fui,
Amanhã, se dane.

Bon vivant

Ele sabe viver
Sorriso no rosto
Cara amarrada
Não sei como consegue

Sempre se perde nos seus 1,65
Mas sempre que pode
Se encontra comigo
E nunca me deixa achar solidão

Sabe reconhecer o que é felicidade
Só me fala verdade
Porque a vida não mente

Ele sabe viver
Amar, rir, adora ler
E por que não beber?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O mal do coração

Navego nessa vida
Com o peito entreaberto
Coração à tona
Pensamento incerto

Já não há remédio
Pr’esse coração
Dizem que é doença
Falam em tratamento

Tenho medo que ele quebre
Prefiro deixá-lo doente
Meio aberto
Sem barreiras

Navego nessa vida
Com o peito entreaberto

Pronto para alojar um desabrigado qualquer

A delícia de escrever

Não é fácil descrever seu amor por palavras
Às vezes temo que seja clichê demais
Mas escrever é uma arma
Para o bem ou para o mal

Assim, escrevo
Confessando a mim mesma
Tudo que não sou capaz de admitir em voz alta
É assim que eu funciono

Escrever desafoga
Oxigena
Traz o arrepio mais profundo para a superfície da pele
Escrevendo me liberto
Especialmente de mim.

A expressão do silêncio

Falar é tarefa difícil
Pra quem tem coragem de encarar tudo de mais intenso que há
A vida passa e não existe quem nela não se arrependa do não dito
O adeus traz a sensação de que o silêncio omite o sentido
Mas isso não é verdade

O silêncio também fala, talvez mais forte e mais profundo até
Do que todas as palavras de uma novela escrita
Silencie
E tudo que quiser será ouvido

As palavras diminuem e simplificam a complexidade da vida
O pensamento mora no silêncio da reflexão
Nunca fale o que não foi sentido
Que os olhares sejam sempre lidos
E lindos
E vivos

Que eles gritem o que as palavras calam
Sei que não falam
Mas se falassem
De que adiantaria?
O silêncio já teria dito

Águas nos olhos.

Às vezes, de olhos inundados fico
Sem entender bem da onde vem tanta chuva
Nuvens se formam no meio da tarde
Do dia com vida, do sol escancarado de um sorriso

Águas nos olhos me fazem menina
Menina dos olhos de quem me vê
Ou de quem comigo chora
Sem nem saber

Sorriso choroso
Alegria que me faz chorar
Nostalgia que me envolve toda
E que sem perceber se vai

Chorar me livra do peso da vida
Peso que há pouco tempo não tinha
Porque peso é para os grandes
E menina não carrega

Ah, você!

Imagino se eu não te conhecesse      
Como saberia da existência desse sorriso?  
Ah, sem ele, nada seria tão colorido           
Riso gostoso do meu menino
Outro assim não há

Te espero enquanto não chega  
E espero que nunca perceba quanta falta me faz

Invento coisas para te alegrar
Me reinvento pra te encantar 
Ignoro as máscaras e sem aspas
Te mostro como sou da cabeça
Aos pés
Nunca me vi assim tão transparente
De um lado, me vê como sou


Outro modo, me faz novamente. 

Recomeço.

Durante muito tempo escrevi, escrevia quase todos os dias, gostava que meus amigos lessem e acho que eles gostavam quando compartilhava essa experiência com eles, mas há certos momentos na vida em que o desânimo toma conta, ou a falta de tempo nos tira o foco do que realmente nos faz humanos. Então parei. 
Às vezes saía alguma coisa, mas nada que me motivasse a voltar a escrever. Não que me ache escritora, mas acho que a escrita é uma forma de expor tudo o que eu sinto e suavizar todo o peso que a vida traz consigo. 
Então, reencontrei coisas que me inspiravam e redescobri como a vida é mais feliz quando se escreve e graças a uma pessoa, muito importante, que me motivou a voltar, estou aqui humildemente começando a escrever esse blog e esperando que ele me traga alegrias que só a escrita me proporciona.